quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

05 Dezembro

Divertia-me o ar meio terrificado, meio ingenuo com que ele ficava a olhar para mim; confesso que ate me apetecia dizer mais coisas absolutamente descabidas precisamente pelo seu ar! Era como se alem de conduzir o carro e consequentemente o nosso destino de viagem, tambem estivesse a conduzir aquela danca juvenil e misteriosa entre nos.

Gostei particularmente de quando, depois de me ter perguntado para onde iamos e eu ter inventado uma historia de que seguiriamos a esquerda se aparecesse uma placa com o nome de uma terra comecada por L (por ser a primeira letra do nome dele) e se comecasse por S viraria a direita ate quando pudesse.

Dei comigo a pensar, "incrivel como a maioria das pessoas consegue comunicar independentemente de se conhecer, existe sempre assunto, ou vai-se inventado". Esta necessidade de saber quem e o outro, de explorar os recantos da mente de alguem, sem mesmo ter qualquer outro interesse ou objectivo tracado, e para mim altamente estranho agora que penso nisso.

Bem, depois da minha invencao de itinerario assim feita a pressao, o Luis parecia estar tao chocado comigo que as tantas perguntei-lhe com tom um pouco jocoso: "Porque e que estas assim tao surpreendido, tens medo?"

Ele respondeu-me imediatamente: "Claro que nao, afinal fui eu que respondi ao teu anuncio, por isso devo ser mais louco que tu!". Desatamos a rir, coerentes com a constatacao da nossa loucura, ate que ao olhar pelos vidros um pouco embaciados comecaram a luzir estrelas liquidas, cor de laranja, rosa e num crescendo de cores folcloricas pela vila onde entravamos o nosso riso se extinguiu pela lembranca da epoca em que estavamos.
Pensei brevemente: "Loucura muito seria, a nossa...".

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Assim de repente: um conto online onde escrevem dois estranhos, que se encontram apenas num blog, na época mais deprimente do ano.